sábado, 31 de março de 2012

Conteúdos do NP1

Conteúdos:
1. Funções da Linguagem
2. Variações Linguísticas
3. Intencionalidade Discursiva
4. Intertextualidade 
5. Semântica (Antítese, Paradoxo, Ambiguidade etc.)
6. Assertividade

Como eu prometi, segue o endereço do Blog das 365 Canções, do Prof. Leonardo Davino, especialista e mestre em Literatura. O endereço é : http://lendocancao.blogspot.com/

Estudem bastante e Boa Prova!

domingo, 25 de março de 2012

Exercícios de fixação

1. Como todos sabem, ambiguidade é um vício de linguagem no qual identificamos mais de um sentido num enunciado. Partindo deste conceito, responda:
2. Nas orações “Você é a luz da minha vida” e “A luz está fraca nesta sala”, temos respectivamente:
(A) conotação e denotação
(B) denotação e conotação
(C) duas conotações
(D) duas denotações
(E) Nenhuma das respostas

3. Reconheça nos textos a seguir, as funções da linguagem predominantes:
     a) Função Emotiva
     b) Função Conativa
     c) Função Fática
     d) Função Referencial
     e) Função Metalinguística
     f)  Função Poética
1) “- Que quer dizer pitosga?
- Pitosga significa míope.
- E o que é míope?
- Míope é o que vê pouco.”  
2) Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo em sua vida
Eu vou viver” (Roberto Carlos)
3) O verbo no infinitivo
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar...”
(Vinícius de Moraes)
4) — Bem — disse o rapaz.
— Bem, cá estamos — disse ele.
— Cá estamos — confirmou ela
— não estamos?

5) “Fique afinado com seu tempo. Mude para Col.Ultra Lights.”

6) “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. O Popular, 16 out. 2008.
A sequência correta é:
(A) 1b, 2c, 3d, 4a, 5f, 6e
(B) 1a, 2d, 3b, 4e, 5c, 6f
(C) 1c, 2e, 3a, 4d, 5f, 6b
(D) 1e, 2a, 3f, 4c, 5b, 6d
(E) 1d, 2f, 3c, 4b, 5a, 6e

Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o risco de atribuir um significado inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levar a certos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos abaixo.

(SOUZA, Maurício de. Chico Bento. Rio de Janeiro: Ed. Globo, no 335, Nov./99)

4  Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma situação criada pela fala da Rosinha no primeiro quadrinho, que é:
(A) Faz uma pose bonita!
(B) Quer tirar um retrato?
(C) Olha o passarinho!
(D) Cuidado com o flash!
(E) Sorria!


No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena:
Não se conformou; devia haver engano. (…)
Com certeza havia um erro no papel do branco.
Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.
Passar a vida inteira assim no toco, entregando o
que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo?
Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria?
O patrão zangou-se, repeliu a insolência,
achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou.
Bem, bem. Não era preciso barulho não.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91ª ed.
Rio de Janeiro: Record, 2003.

5. No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário.

Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:
(A) “Não se conformou: devia haver engano” (,. 1)
(B) “a Fabiano perdeu os estribos” (,. 3)
(C) “Passar a vida inteira assim no toco” (,. 4)
(D) “entregando o que era dele de mão beijada!” (,. 4-5)
(E) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou” (,. 11)

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pio
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão construindo telhados. (Oswald de Andrade. Obras Completas)

6. A que tipo de variação linguística o autor faz referência no poema? Por quê?



7. Indique as origens das intertextualidades das frases abaixo
a)     Diante do pedido de todos, José sentou-se no sofá e disse: _Se é pra felicidade geral, eu fico! (José Trindade Jr., A Festa)
b)    . Este país deve progredir cinquenta anos em cinco; não podemos ficar deitados eternamente em berço esplêndido. (Discurso de Jucelino Kubitschek)

8. Assinale a opção que identifica a variação linguística presente nos textos abaixo.




Assaltante Nordestino
–Ei, bichin… Isso é um assalto… Arriba os braços e num se bula nem faça muganga… Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! Perdão, meu Padim Ciço, mas é que eu to com uma fome da moléstia…
Assaltante Baiano
Ô meu rei… (longa pausa) Isso é um assalto… (longa pausa). Levanta os braços, mas não se avexe não… (longa pausa). Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado… Vai passando a grana, bem devagarinho… (longa pausa). Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado… Não esquenta, meu irmãozinho (longa pausa). Vou deixar teus documentos na encruzilhada…
Assaltante Paulista
– Orra, meu… Isso é um assalto, meu… Alevanta os braços, meu… Passa a grana logo, meu… Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Corinthians, meu… Pó, se manda, meu…


(A) variação social
(B) variação regional
(C) variação cultural
(D) variação histórica
(E) variação padrão



9. Procure as ambiguidades nas frases seguintes e reescreva-as de forma coerente:
a) Não se eliminará o crime com burocratas querendo satisfazer o apetite por sangue do público. (Fuvest 2002)
b) DINHEIRO ENCONTRADO NO LIXO – Organizados numa cooperativa em Curitiba, catadores de lixo livram-se dos intermediários e conseguem ganhar por mês, em média, R$600,00 – o salário inicial de uma professora de escola pública em São Paulo. (...) 



GABARITO
1) b
2) a
3) d
4) c
5) a
6) Variação Social - Linguagem vulgar. Essas ocorrências verificam-se no ambiente em que as pessoas possuem pouca ou nenhuma escolaridade.
7) D. Pedro I - Dia do Fico / Hino Nacional
8) b
9) a) Que se quis dizer? Do público modifica sangue (sangue do público) ou apetite (apetite do público)? Basta deslocar “do público” para apetite: Não se eliminará o crime com burocratas querendo satisfazer o apetite do público por sangue.
b) O dinheiro foi encontrado no lixo ou o lixo gerou dinheiro? O autor quis dizer que lixo gerou dinheiro. A ambiguidade foi propositada e ficou muito boa.


INTERTEXTUALIDADE

TEMPO DE QUERER
(Elen Nunes)
...
E por acaso não sabes que
O poeta é um fingidor e que
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente?
Não entendes que
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada?
É assim que é feito.
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
E como é bom
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência
Então não hesite
Põe a tua mão
Sobre o meu cabelo...
Tudo é ilusão.
Sonhar é sabê-lo.
Apressa-te
Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!
Não te preocupes
Volta a ser criança em meus braços pois
Só a inocência e a ignorância são
Felizes, mas não o sabem. São-no ou não?
Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra,
Um lugar, nada mais.
Isso nada importa pois
Quanto mais fundamente penso, mais
Profundamente me descompreendo.
O saber é a inconsciência de ignorar...
Não temas...chega mais perto
E vem comigo sonhar
Um sonho permitido pela cumplicidade
Pois nos tornamos um já que
Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
E em minha voz a tua voz.

Elen Nunes
(Poema criado a partir de fragmentos de poemas de Fernando Pessoa)

INTERTEXTUALIDADE


A competência linguística, no que diz respeito à leitura e a escrita, passa pela nossa vivência, pelo nosso conhecimento de mundo, ou seja,  pelas leituras que realizamos ao longo de nossas vidas. Por isso, para reconhecer uma “intertextualidade” é necessário um conhecimento maior sobre outros textos, tomados estes num sentido bem amplo, como os orais, escritos, visuais, artes plásticas, cinema, propaganda,  música, entre outros.

Quanto mais amplo nosso cabedal de conhecimentos maior será nossa competência para perceber que um texto dialoga com outros por meio de alusões, referências, citações, parafraseando, ou mesmo utilizando-se da paródia, nas epígrafes, traduções, de forma implícita,  explicitamente ou mesmo nas pressuposições.  

Em algumas vezes, as referências são facilmente identificadas pelo leitor, mas há referências e alusões bem sutis, que só poderão ser identificadas por leitores que possuam o mesmo universo cultural.
Quem lê deve identificar, reconhecer, entender a remissão a outras obras, textos ou trechos.

Como exemplos de intertextualidade podemos citar:
A música "Bom Conselho" de Chico Buarque que faz alusão a alguns provérbios, facilmente identificados.

Bom Conselho
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
           (Chico Buarque, 1972)

A música "Monte Castelo" de Renato Russo que da mesma forma faz alusão ao poema de Luis de Camões “Amor é fogo que arde sem se ver” e com o texto bíblico “O amor é um dom supremo” escrito pelo apóstolo Paulo à Igreja de Corinto; fazendo também alusão do título “Monte Castelo” a uma batalha da Segunda Guerra Mundial, vencida por soldados da Força Expedicionária Brasileira, batalha na qual, apesar da vitória, morreram mil pracinhas.

Monte Castelo
(Renato Russo)

Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade.
***

AMBIGUIDADE

Ambiguidade
Evite-a para fazer uma boa redação

A ambiguidade é um dos problemas que podem ser evitados na redação. Ela surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do texto.
A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido, comprometendo a clareza do texto. Observe os exemplos que seguem:
·  "A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos."
O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua? A ambiguidade resulta da má colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque "na rua Santos" mais perto do núcleo de sentido a que se refere: Na rua Santos, a polícia cercou o ladrão; ou A polícia cercou o ladrão do banco que localiza-se na rua Santos"
·  "Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com frequência apresentam sintomas de irritabilidade e depressão."
Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela má colocação do adjunto adverbial. Assim, pode-se entender que "As pessoas que, com frequência, consomem bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão" ou que "As pessoas que consomem bebidas alcoólicas apresentam, com frequência, sintomas de irritabilidade e depressão".
·  "O professor falou com o aluno parado no corredor."
Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Podemos interpretar que o professor estava "parado no corredor" ou que o aluno era quem estava "parado no corredor". A solução é, mais uma vez, colocar "parado no corredor" logo ao lado do termo a que se refere: "Parado no corredor, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou com o aluno, que estava parado no corredor".
Uma das estratégias para evitar esses problemas é nos conscientizarmos da necessidade de revisar nossos textos. Uma redação de boa qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de construção da textualidade e da capacidade de se colocar na posição do leitor.
Ambiguidade como recurso estilístico

Em certos casos, a ambiguidade pode se transformar num importante recurso estilístico na construção do sentido do texto. O apelo a esse recurso pode ser fundamental para provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos literários, de maneira geral (como romances, poemas ou crônicas), são textos com predomínio da linguagem conotativa (figurada). Nesse caso, o caráter metafórico pode derivar do emprego deliberado da ambiguidade.

Podemos verificar a presença da ambiguidade como recurso literário analisando a letra da canção "Jack Soul Brasileiro", do compositor Lenine.
Já que sou brasileiro
E que o som do pandeiro é certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue
E o país do suingue é o país da contradição
Eu canto pro rei da levada
Na lei da embolada, na língua da percussão
A dança, a muganga, o dengo
A ginga do mamulengo
O charme dessa nação
(...)

Caso queira ouvir a canção:



Podemos observar que o primeiro verso ("Já que sou brasileiro") permite até três interpretações diferentes.
  • A primeira delas corresponde ao sentido literal do texto, em que o poeta afirma-se como brasileiro de fato.
  • A segunda interpretação permite pensar em uma referência ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro - o "Zé Jack" -, um dos maiores ritmistas de todos os tempos, considerado um ícone da história da música popular brasileira, de quem Lenine se diz seguidor.
  • A terceira leitura para esse verso seria a referência à "soul music" norte-americana, que teve grande influência na música brasileira a partir da década de 1960.
O recurso à ambiguidade no texto publicitário

Na publicidade, é possível observar o "uso e o abuso" da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras. Esse procedimento visa chamar a atenção do interlocutor para a mensagem. Para entender melhor, vamos analisar a seguir um anúncio publicitário, veiculado por várias revistas importantes.

Sempre presente
Ferracini Calçados

O slogan "Sempre presente" pode apresentar, de início, duas leituras possíveis: o calçado Ferracini é sempre uma boa opção para presentear alguém; ou, ainda, o calçado Ferracini está sempre presente em qualquer ocasião, já que, supõe-se, pode ser usado no dia-a-dia ou em uma ocasião especial.
Se você não se julga ainda preparado para uma utilização estilística da ambiguidade, prefira uma linguagem mais objetiva. Procure empregar vocábulos ou expressões que sejam mais adequadas às finalidades do seu texto.
*Nilma Guimarães é graduada e licenciada em Letras Clássicas e Vernáculas pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Atualmente faz mestrado em Educação na USP, na área de metodologia do ensino de Língua Portuguesa.

Acesso em: 26/08/2011

Assertividade na Comunicação Empresarial

Por Luiz Roberto Bodstein
A prática da assertividade rotineira é um dos grandes benefícios que uma empresa pode instituir. Ela possibilita economia de tempo, valorização das pessoas, objetividade, produtividade e motivação no trabalho, além de produzir satisfação junto ao cliente externo em função da qualidade dos contatos com a organização. Isso se obtém com funcionários felizes, que adotam posicionamentos diretos, firmes e transparentes incorporados à própria cultura da empresa. *Luiz Roberto Bodstein
Poderíamos afirmar, sem muita margem de erro, que o uso incipiente da assertividade é o grande mal que impede o entendimento adequado entre as pessoas, promove mal-entendidos que afetam as relações e presta um enorme desserviço às empresas com geração de prejuízos de toda ordem, decorrentes de falhas graves na comunicação.
O problema já começa pela dificuldade das pessoas em entender o que caracteriza uma postura assertiva. Em segundo lugar, vem a de acreditar que ela realmente é decisiva para mudar o rumo das coisas. Por último a mais difícil: adotá-la como caminho e colocá-la em prática.
Para nivelar o entendimento, poderíamos dizer que uma pessoa assertiva é aquela que, nos seus contatos com os outros, apresenta o seguinte perfil:
* Expressa seus sentimentos com espontaneidade, naturalidade e calma;
* Adota sempre uma posição clara e transparente, sem disfarces ou vias indiretas;
* Diz sim ou não como decorrência de análise imparcial (não tendenciosa);
* É firme, quando necessário, sem ferir ninguém;
* Sabe ser flexível, sem abandonar seu espaço vital nem invadir o de outrem.
O uso da assertividade pode ser um fator determinante para a diferenciação entre uma posição de "chefia" e o exercício da efetiva liderança. Isto porque os contatos com uma pessoa assertiva não deixam dúvidas quanto às suas intenções, seus motivos e à forma pela qual age ou busca seus objetivos, disseminando confiança e trazendo segurança aos demais com os quais convive.
Isso naturalmente faz com que estas pessoas queiram se aproximar dela, ou procurem ouvi-la sempre que precisarem adquirir certeza sobre qualquer assunto ou tomar uma decisão para o qual não se sintam seguras.
Sempre que a postura assertiva for característica de um membro da equipe, ao invés de recair sobre o líder formalmente constituído, acontecerá um desvio natural da ascendência deste último para o primeiro, ou seja: quem acaba liderando efetivamente é o membro da equipe que detém a confiança do grupo, e não quem, na escala da hierarquia da organização, detém o "poder".
Isto poderia ser um foco de conflito, não fosse o próprio perfil do líder assertivo, que lhe proporciona maturidade no uso de sua ascensão sobre o grupo, e lhe garante suficiente habilidade para neutralizar uma "dissidência" que só traria prejuízos para ambas às facções resultantes. Esse líder natural saberá como, sem esvaziar a chefia formal, direcionar adequadamente as ações da equipe e canalizá-las para a otimização do resultado coletivo, com consequente maximização de benefícios para a instituição.
Isto porque sua assertividade impede que atue de forma não transparente ou desleal, ou de uma maneira que o coloque em rota de colisão com a autoridade formal da organização para a qual trabalha. Quando discorda de posturas pessoais ou da política vigente, o líder assertivo normalmente deixa nítido a sua opinião, e consegue fazê-lo sem passar a impressão de que poderá consistir-se em ameaça para as pessoas ou para a concretização das ações das quais discorda. E sempre que a discordância ultrapassar os limites que possa admitir, como cumprir algo que atropele seus valores e princípios, ele certamente irá expor a situação de forma inequívoca e serena, e pedirá afastamento do cenário de conflito, mas é pouco provável que se submeta sem colocar sua posição. Essa serenidade e transparência geralmente são os componentes que contribuem para que seja compreendido e respeitado, mesmo quando discorda, e lhe garantam o espaço de volta quando tudo é superado, restabelecendo a situação de harmonia.
O ideal seria que todas as pessoas em função de liderança se preocupassem em desenvolver sua assertividade de forma a catalisar efetivamente as energias de sua equipe, sem necessidade de uma “escala” em algum membro da equipe que tenha mais ascensão sobre os demais. Bastaria que no exercício de sua função adotasse como regra:
* Trabalhar com metas pré-definidas;
* Aplicar sanções mas promover estímulos continuamente;
* Ir direto ao assunto, sempre com respeito;
* Se ater aos fatos, sem atingir pessoas;
* Dirigir com descontração e avaliar com critérios claros;
* Encorajar os outros a proceder da mesma forma;
* Encontrar tempo para pensar e planejar;
* Não cultivar tensões emocionais ou físicas;
* Colaborar para que outras pessoas também as evitem;
* Criar um clima saudável, que evita doenças e absenteísmo, duas grande pragas dos ambientes pesados nas empresas;
* Estabelecer harmonia com superiores, colegas e colaboradores.
Uma vez incorporada, tal atitude não tardará a promover resultados visíveis, lembrando que o tempo necessário dependerá de todo um histórico nas relações entre ele e sua equipe. É claro que, caso sua postura anterior tiver sido o oposto da que agora está adotando, levará bem mais tempo para que a equipe se disponha a acreditar que a mudança é para valer. A persistência e a total transparência de propósitos serão, neste caso, decisivas para que a transformação obtenha credibilidade e comece a produzir efeitos.
Se você ocupa uma posição de liderança e pretende começar da maneira certa, experimente adotar o seguinte:
* Informe aos outros o que você quer;
* Atenda às suas próprias necessidades. Analise e peça esclarecimentos sobre solicitações que lhe sejam feitas;
* Enfrente os problemas que surgem o mais cedo possível, não os adie;
* Pratique o uso de frases simples; faça declarações breves e diretas;
* Não use preliminares nem retóricas inúteis;
* Não dê explicações excessivas;
* Não divulgue antecipadamente ideias ainda não conclusivas;
* Não faça suposições: busque sustentação em fatos e dados.
Desnecessário dizer que a prática constante de tal postura acaba gerando um padrão que se dissemina por toda a instituição, e acaba por formar as bases de uma nova cultura.
Por último, para que possa, daqui a mais uns tempos, mensurar os resultados da mudança, registre a data em que começou a utilizar as novas regras, parta da premissa de que a persistência inevitavelmente promoverá a confiança das pessoas, tenha a paciência como uma aliada a mais da sua assertividade, e boa sorte!
Palavras-chave: | assertividade | mudança | comportamento | liderança |

quarta-feira, 21 de março de 2012

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

VARIANTES LINGUÍSTICAS

O que vem a ser Linguagem?
Linguagem é qualquer sistema de códigos que possibilita comunicação
A mais complexa de todas as linguagens  é a linguagem falada
Ela é complexa porque quando falamos precisamos ter uma padronização para que possamos ser entendidos.
O que vem a ser Língua?
Língua é um sistema sonoro e escrito que caracteriza a comunicação de uma coletividade. Ex: português, francês, inglês, alemão, japonês etc.
Vamos falar da nossa língua: Língua Portuguesa

Será que no Brasil só existe uma forma de falar o Português?
Diferentes manifestações de uma mesma língua = Variedades Linguísticas

Luiz Fiori define Variação Linguística:
                “A variação é inerente às línguas porque as sociedades são divididas em grupos. Há os mais jovens, os mais velhos, os que habitam uma região ou outra. Os que têm essa ou aquela profissão. Os que são de uma ou outra classe social. E assim por diante.”

                O uso de determinada variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dar uma identidade.

PADRÃO

q  Aprendida na escola
q  Utilizada nos livros, na gramática.
Disseram-me que você estava na escola

NÃO-PADRÃO

q  Preconceito
Me disseram que tu tava na escola

Pronominais
(Oswaldo de Andrade)
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

É “errado” dizer “Me dá um cigarro” porque o cigarro causa muitos males à saúde, mas a sentença em si é gramatical, ou seja, gera comunicação, embora de uma maneira não prevista pela linguagem padrão.

Mais importante que usar sempre o português dito “correto”, é saber escolher a variedade linguística adequada para cada situação.
O Emissor é quem decide se vai utilizar a formalidade (Língua Padrão) ou a informalidade (não-padrão).
Assim como a roupa, a linguagem também deve ser adequada ao ambiente em que se está
A Gramática deve ser usada a favor das nossas intenções.

Por que uma mesma língua apresenta variedades linguísticas?
Porque ela é dinâmica, e não estática

n  LÍNGUA PADRÃO
                Obedece às normas gramaticais.

n  LÍNGUA NÃO-PADRÃO
                Não tem compromisso com as normas gramaticais.

As variações linguísticas ocorrem na Língua Portuguesa por diferentes motivos:
n  extensão geográfica do Brasil;
n  diferenças regionais;
n  diversidade de colonização;
n  acentuada diferença socioeconômica.
                As variações também são chamadas de dialetos

SISTEMA LINGUÍSTICO = Conjunto de regras intuitivas
GRAMÁTICA NATURAL  = Regras intuitivas
GRAMÁTICA ARTIFICIAL =  Variedade linguística padrão

As variações dialetais “ocorrem em função das pessoas que usam a língua” (TRAVAGLIA, 1998, p.42)
           Variação geográfica (variação diatópica)
           Variação social (variação diastrática)
           Variação de idade
           Variação de sexo
           Variação histórica

A variação linguística pode ocorrer nos eixos diatópico e diastrático:
n  Eixo diatópico: as alternâncias se expressam regionalmente, considerando-se limites físico-geográficos;
n  Eixo diastrático:  elas se manifestam de acordo com os diferentes estratos sociais, levando-se em conta fronteiras sociais.

Variação Geográfica (variação diatópica)

n  diz respeito às variações ocorridas entre falantes de lugares diferentes, tais como Brasil e Portugal; Portugal e Angola; Região Nordeste e Região Sul; Rio de Janeiro e São Paulo; Belém e Maranhão, e assim por diante.




Música: Rita Lee - As mina de Sampa
 “(...) As mina de Sampa dizem mortandeila, berinjeila, apartameintu!
Sotaque do bixiga, mena cem pur ceintu.
As minas de Sampa conhecem a Bahia, por fotografia, que natureza!
Toda menina baiana vive na maior moleza.
As mina de Sampa dão duro no trampo, no banco, mãos ao alto!
Ou dá ou desce ou desocupa o asfalto.
Eu gosto às pampa das mina de sampa!”
(“Minas de Sampa” – Rita Lee e Roberto de Carvalho)

Música: os mirins o tranco da morena rosa



“Olha o tranco da morena rosa rebocada de rouge e batom.”
(“Morena Rosa” – Garotos de Ouro)

Na música “Morena Rosa” do Rio Grande do Sul:
            A Morena Rosa não caminha, ela tem tranco
            Ela não se maquia, ela se reboca
            Ela não passa blush, ela passa rouge

Música: Fafá de Belém - Vermelho (Ao Vivo)



“A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz.
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão.
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor.
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor vermelho.”
(“Vermelho” – Chico da Silva)


Variação Social (variação diastrática)
n  Refere-se  às marcas linguísticas que ocorrem de acordo com a classe social dos usuários da língua.
n  Os jargões de profissões, os de determinados grupos sociais e as gírias representam formas de variações linguísticas sociais.  
n  Atribuem aos grupos uma identidade pela linguagem.

Exemplo: SAMBA DO ARNESTO - Demônios da Garoa & Adoniran Barbosa



“O Arnesto nos convidou prum samba ele mora no Brás, nois fumo e num encontremos ninguém, nois vortemos cum uma baita duma reiva, da outra veiz nóis num vai mais, nóis num semos tatu.” - Samba do Arnesto - (Adoniran Barbosa - Demônios da Garoa)

Música: Bezerra da Silva -Malandragem Dá Um Tempo



“Eh, você não está vendo que a boca está assim de corujão, tem dedo de seta adoidado, todos eles afim de entregar os irmãos.” - “Malandragem dá um tempo” - (Bezerra da Silva – Barão Vermelho)


Música: Gilberto Gil - A Novidade




“A novidade veio dar à praia, na qualidade rara de sereia
Metade o busto de uma deusa Maia, metade um grande rabo de baleia.
A novidade era o máximo, do paradoxo estendido na areia
Alguns a desejar seus beijos de deusa
Outros a desejar seu rabo prá ceia.”
(A Novidade - Gilberto Gil)


Variação de idade
n  relaciona-se às variações “decorrentes da diferença no modo de usar a língua de pessoas de idades diferentes [...]”
n  Ex: _Qual é a sua graça?
                mulher grávida = “senhora em estado interessante”;
                mulher menstruada = “incomodada” ou “com regras”

Variação de sexo
n  refere-se às “variações de acordo com o sexo de quem fala”
n  Exemplo: Revistas tipicamente direcionadas para o público masculino e para o público feminino.

Variação histórica
n  diz respeito às fases no desenvolvimento da língua.

Canção de Amigo

Ai flores, ai, flores do verde pino
Se sabedes nova do meu amigo?
ai, Deus, e u é?
Ai flores, ai, flores do verde ramo,
Se sbedes novas do meu amado?
ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado?
Ai, Deus, e u é?
(FIORIN, 2007, p.38-39)

Pino (pinheiro)
sabedes (sabeis)
u (onde), é (está)
aquel (aquele)
á jur ado (= há jurado = jurou)



IMPORTANTE;

n  Não existe, em geral, um nível de linguagem puro, nem na fala, nem na escrita.    O que se observa é a predominância de uma ou outra variante lingüística.


LÍNGUA PADRÃO

Ø  Utiliza as normas ditadas pela gramática tradicional.
Ø  Não está relacionada ao uso de palavras mais ou menos difíceis, mas sim à utilização das regras de concordância, regência, ortografia, pontuação, bem como ao adequado uso dos pronomes pessoais do caso reto, oblíquo, possessivos etc.

_ João está em casa?
_ Não o enxerguei hoje.
_ Por quê?
_ Desculpe-me mas o assunto é entre mim e ele
Diálogo marcado por um total respeito às regras gramaticais.

Característica do nível culto.

A importância de sua preservação se deve
q  à necessidade de haver uma referência para o ensino da língua e para o registro histórico.
q  É de essencial utilização em qualquer texto escrito.

Técnicos

Cada grupo de profissionais possui um vocabulário técnico que também o caracteriza.
Aparecem normalmente mesclados à Língua Padrão.

_ Você tem uma cefaléia curável.
_ Doutor, o que é isso?
_ É dor de cabeça, minha senhora.

LÍNGUA NÃO-PADRÃO

Ø  É o uso informal da Língua Portuguesa.
Ø  Não há preocupação com o dicionário ou  a gramática.
Ø  As normas são seguidas sem o rigor da formalidade.
Ø  Ocorre um relaxamento da língua pela comodidade da comunicação.

Coloquial

                É uma linguagem familiar ou popular que permite a ausência de algumas concordâncias, infração das regências e da colocação de pronomes oblíquos.
                Podemos começar uma frase como:  “Te levanta”, ou ainda, “ A gente vai prá casa da vó”

_ João está em casa?
_ Não enxerguei ele hoje.
_ Por quê?
_ Desculpa, mas o assunto é entre eu e ele

Vulgar

Ø  É a utilização da língua sem nenhuma correção gramatical.
Ø  Evidenciam-se palavras com pronúncias diferentes como pobrema ou poblema, e estruturas de palavras sem a interferência da língua padrão ou formal como os verbos peguemo, sobremo, avisemo, entre outros.
Ø  Essas ocorrências verificam-se no ambiente em que as pessoas possuem pouca ou nenhuma escolaridade.

_ Cê viu o João hoje?
_ Não. Eu fui e vortei e num encontrei cum ele.
_ Pru quê?
_ Descurpa mais o assunto é entre eu i ele.

Gíria

A gíria evolui com o tempo e varia também nos grupos.
                Por exemplo, jovens de regiões diferentes, de ambientes familiares diferentes entendem-se através de expressões também diferentes; a gíria dos presídios difere da gíria do futebol, do skate, do surf e, uns nem sempre entendem o que os outros falam; as gírias dos vários redutos marginalizados se diferenciam também, muitas vezes, para garantir a sobrevivência dos moradores e dos que lá comandam.
Enfim, cada grupo cria a linguagem que o vai identificar.  Ta ligado?   Então sai da asa, cai na real e te liga nos próximos exemplos!

_Hoje peguei um tubo maravilhoso  e depois fui dropando a onda.
_ Meu Deus, que língua é essa?

Regional

_ Maria tu já compraste o cacetinho para o café?
_ Mas o que é isso Pedro, ficou louco?
_ Bah, mas por quê? Cacetinho é pão francês. Hoje, Maria, tu estás mais atravessada que jornal de domingo!
No sul se come cacetinho (pão francês) , negrinho (brigadeiro) e torrada (mixto quente)


Estrangeirismos

Ø  são termos importados de outras línguas e utilizados como se fossem da língua materna, como por exemplo shopping, marketing, stress, abat-jour, happy hour, entre outros

Música: Samba do Approach - Zeca Pagodinho e Zeca Baleiro



Venha provar meu brunch
 
saiba que eu tenho
approach  na hora do lunch  eu ando de ferryboat

eu tenho savoir-fairemeu temperamento é lightminha casa é hi-techtoda hora rola um insightjá fui fã do Jethro Tullhoje me amarro no Slashminha vida agora é coolmeu passado é que foi trash [...] “
(Samba do Approach - Zeca Baleiro e Zeca Pagodinho)

Na escrita, essas expressões diferentes do padrão, por exemplo, o estrangeirismo e a gíria necessitam ser escritas entre aspas ou devidamente salientadas.
                               Esse recurso mostra que o emissor da mensagem domina os níveis de linguagem e sabe adequá-las à sua necessidade.


Outro ponto a ressaltar é que em textos literários como crônicas e romances todas as variações linguísticas podem ser utilizadas sem destaque especial, uma vez que buscam refletir a fala de personagens, ou até, estabelecer um diálogo de aproximação com o leitor.
                               A esses registros chamam-se literários.

Um país pode conviver com mais de uma língua, como é o caso do Brasil:
Somos plurilíngues, pois, além de português, há em nosso território   cerca de 180 línguas indígenas, de comunidades étnico-culturalmente diferenciadas, afora as populações bilíngues que dominam igualmente o português e línguas do grupo românico, anglo-germânico e eslavo-oriental, como em comunidades multilíngues

q    português-italiano,
q    português-espanhol
q    português-alemão,
q    português-japonês.

q  A linguística volta-se para todas as comunidades com o mesmo interesse científico e a Sociolinguística considera a importância social da linguagem, dos pequenos grupos socioculturais a comunidades maiores.

q  Toda língua, portanto apresenta variantes mais prestigiadas do que outras.

q  Os estudos sociolinguísticos oferecem valiosa contribuição no sentido de destruir preconceitos linguísticos e de relativizar a noção de erro, ao buscar descrever o padrão real que a escola, por exemplo, procura desqualificar e banir como expressão natural e legítima.